quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A “geração milénio”, como recrutar e contrata-los

A chamada geração milénio, composta por pessoas que iniciaram a sua vida profissional após o início de 2000, está hoje menos focalizada em ganhar dinheiro e mais em contribuir para o bem maior, preferencialmente num posto de trabalho onde a tecnologia seja importante para o funcionamento da empresa e onde seja aceitável a utilização de sistemas de mensagens instantâneas e do Facebook. “Esta é a geração que já fez os seus trabalhos de final de curso ao mesmo tempo que usava chats e redes sociais”, afirma Scot Melland, CEO da Dice Holdings, dona do Dice.com, um website de empregos para profissionais da tecnologia, segundo o qual “podemos afirmar que esta é a geração multi-tarefa”.
A geração milénio refere-se aos que nasceram após 1980 e que, como tal, iniciaram a sua vida profissional por volta dos anos 2000. Embora só representem hoje 15% do total da força de trabalho nos Estados Unidos, a tendência de crescimento desta percentagem fará com que recrutadores e potenciais empregadores notem diferenças cada vez maiores entre estes profissionais e os de outras gerações, defende Scot Melland.
“As gerações, tal como as pessoas, têm personalidades diferentes e a geração milénio já começou a vincar a sua: profissionais confiantes, de opinião vincada, liberais, positivos e abertos à mudança”, pode ler-se num relatório sobre o assunto publicado pela The Pew Charitable Trusts, especialista na investigação e realização de estudos sobre a geração milénio. De acordo com o documento, “estes são os primeiros profissionais da história a estar ‘sempre ligados’. Rodeados de tecnologia digital e redes sociais, estes profissionais encaram os seus dispositivos de mão como uma extensão do seu corpo – para o bem e para o mal”.
No que se refere à parte positiva desta equação, pelo menos no que se refere aos empregadores, Scot Melland diz que a geração milénio “gosta de desafios e de contribuir para o bem maior, o que são qualidades admiráveis”. Estes atributos são mais importantes para esta geração do que um grande ordenado ao fim do mês, acrescenta o responsável da Dice, mas esta atitude representa por vezes um desafio para os próprios recrutadores. “Para captar a atenção destes profissionais, não basta publicar uma oferta de emprego – há que convencê-los”, sustenta.
Os profissionais da geração milénio também são mais susceptíveis de se sentirem atraídos por empresas com websites corporativos bem desenvolvidos, independentemente do tamanho da organização. “Acreditamos que a melhor forma de chegar a eles é através da Internet, porque é lá que estão acostumados a interagir com o mundo”, diz o responsável da Dice.
Já a parte negativa prende-se com o facto de os empregadores e agências de recrutamento, quando procuram informações sobre um determinado candidato nas redes sociais e blogues pessoais, poderem deparar-se com informações de carácter mais íntimo, como crenças religiosas, orientação sexual e outros potenciais inibidores da contratação. “Nós aconselhamos os empregadores a serem muito cuidadosos nessa pesquisa, porque podem ser expostos a informação pouco apropriada ao processo de contratação”, refere Scot Melland.
No entanto, outro estudo da Pew divulgado em Julho passado concluiu que os peritos em tecnologia acreditam que a geração milénio vai continuar a partilhar informações pessoais da sua vida do dia-a-dia nas redes sociais, mesmo quando forem mais velhos. Talvez isto sugira que a geração milénio acabe por influenciar e mudar o mercado de trabalho e a sociedade, embora possam decorrer ainda muitos anos até que isso se verifique. Entretanto, Scot Melland sugere que os empregadores que contratem profissionais da geração milénio “reforcem continuamente a forma como o seu papel na empresa contribuirá para o sucesso do negócio”, até porque estes profissionais são, de uma maneira geral, “avessos à ideia de poderem ser apenas mais uma peça na engrenagem”.
Com efeito, a geração milénio está a mostrar que é uma geração que gosta de ser formada e acompanhada de perto. “Quando ensinamos alguém estamos a dizer-lhe que é especial e merece essa formação”, sublinha Melland.
E conclui dando um conselho aos potenciais empregadores destes profissionais: “comecem por usar aquilo que estes jovens conhecem bem. Eles são o motor da mudança do mercado. São os pioneiros na adopção de tecnologias Web, dispositivos móveis e redes sociais. Usem o seu conhecimento para melhorar o negócio”.

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