segunda-feira, 12 de julho de 2010

A governança e a transparência das informações

A gestão baseada essencialmente no resultado não gera conhecimento do negócio e não facilita o aprendizado. E pode lidar com informações distorcidas.

Vemos com freqüência (pode ser diferente no universo de atuação de cada um) informações publicadas que não expressam significados reais. Por exemplo, uma taxa de apenas 3% de crescimento da organização pode ser descrita como um novo recorde se as vendas do ano anterior foram menores ainda.

Ocorre que os acionistas não se deixam enganar e os diversos níveis de empregados da empresa também passam a não confiar nas informações, especialmente quando se conhece os significados reais dos números.

A Lei Sarbanes-Oxley de 2002 reescreveu, literalmente, as regras para a governança corporativa, relativas à divulgação de relatórios financeiros. Contudo, sob a infinidade de páginas da SOX, repletas de ?legalismos?, existem lacunas que possibilitam várias formas de comunicar as informações de desempenho organizacionais, levando a interpretações convenientes. A SOX também não abrange na totalidade a regulamentação de todas as formas de divulgações de informações de desempenho nas corporações.

Podemos observar que esse fenômeno ocorre em alguns países através da divulgação de dados estatísticos governamentais, que são transformados em informações clichê e comunicados em massa à população, evidenciando sempre o suposto bom desempenho dos protagonistas.

Quando a sociedade enxerga além disso, alertada por aqueles que conhecem o real significado destas informações, deixa de dar crédito a elas e às que vêm depois, por mais verdadeiras que sejam. Qual a conseqüência resultante?

Estes sentimentos acabam por gerar reações individuais, sociais e institucionais.

Se, por analogia, compararmos esse fenômeno ao que ocorre no universo corporativo podemos constatar algumas semelhanças interessantes. Em linhas gerais: diretorias, gerências, segmentos ou departamentos, definem um conjunto de indicadores mais significativos para medir o desempenho, baseados em uma visão estratégica.

A partir daí ocorre periodicamente à mensuração de desempenho e a divulgação de resultados. Torna-se premente a necessidade de se atingir, de forma rápida, ?os resultados?, ou seja, evidenciar sempre o bom desempenho, já que, afinal, todos serão avaliados individualmente, socialmente e institucionalmente por isso.

Com isso, temos que o processo e gestão baseados em informações focadas simplesmente no resultado não gera conhecimento do negócio e não cumpre suas principais finalidades: aprendizado e evolução institucional. Até que ponto essa situação pode se sustentar? Quais as conseqüências resultantes dessa situação? Obviamente que isso também causa uma série de reações: individuais, sociais e institucionais.

Carl Von Clausewitz, um grande estrategista militar do século XIX, salientou a importância de um modelo para organizar o raciocínio sobre estratégias: "…a primeira tarefa de qualquer teoria é esclarecer termos e conceitos… Apenas depois de se chegar a um acordo quanto aos termos e conceitos temos condição de racionalizar sobre as questões com facilidade e clareza e compartilhar os mesmos pontos de vista…"

Concluímos que mais importante que competir é ter uma vitória definitiva, e para isso não existe uma ?receita de bolo?, o que existe é uma visão estratégica que deve ser compartilhada e seguida.

Fonte: Extrato do artigo de Jorge Castro

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