segunda-feira, 6 de abril de 2009

Gestão dos Domínios TLD Aquece Debate em África

Os países africanos que lutam por manter o controlo dos seus próprios domínios, ou Top Level Domains (ccTLDs), deveriam investir em servidores e na formação de engenheiros capazes de operar os registos antes de reclamarem, acusa Ann Rachel Inne, responsável da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) para a região africana. Na opinião desta responsável, alguns dos países que se queixam do processo de delegação dos TLD não investiram ainda na tecnologia necessária para gerirem os seus próprios TLD e não possuem bases de dados que indiquem quantos domínios existem sob os seus códigos de país.
Esta questão já levantou um acesso debate no encontro Africa Telecommunications Union, realizado na semana passada nas Maurícias, e ao qual assistiram reguladores e gestores de ccTLD.
O Ruanda, o Congo (Brazzaville) e a República Democrática do Congo queixam-se de que os seus ccTLD são operados por um belga que vive na Suíça, apelando ao ICANN que repatrie a gestão de domínios, o que até ao momento não surtiu qualquer efeito.
A Rwanda ICT Association também tem vindo ao longo dos últimos dois anos a solicitar a redelegação da gestão do domínio .rw, segundo conta Pierre Claver Secyugu, um delegado governamental do Ruanda. "Temos esperança de o conseguir dentro de três meses", afirma.
O custo anual de um domínio .a em .cg (para o DRC) é de 245 euros, e ninguém sabe onde os servidores estão localizados ou quantos registos existem no sistema, afirma Jean Philemon Kissangou, delegado do DRC.
As ilhas Maurícias têm uma das mais desenvolvidas infra-estruturas ICT do continente africano, mas Mohammed Asraf Ally Dulull, ministro das Tecnologias da Informação e Comunicação afirmou que o país ainda tem que resgatar a gestão do domínio .mu das mãos de um indivíduo que opera na Califórnia, com servidores espalhados por várias parte do mundo.
"Cada um dos países tem que realizar estudos profundos antes de darem início aos processos de redelegação. O ICANN tem de garantir que as pessoas que possuem os domínios não serão obliteradas quando a gestão mudar de mãos", disse Ann Rachel Inne. A instabilidade política também afectou o processo de redelegação, uma vez que os governos estão sempre a mudar, bem como as suas opiniões sobre a questão, não dedicando os recursos suficientes ao processo, acredita a responsável do ICANN.
"Existe um país que já teve 15 ministros durante o seu processo de redelegação, sendo que cada um deles emitiu instruções diferentes, o que obviamente contribuiu para o atraso na resolução do problema", exemplifica.Dos 53 países de África, apenas 10 contam com registos funcionais dentro do país, segundo Eric Akumiah, responsável da AfTLD, com sede no Gana.
Os participantes no encontro ATU também discutiram se os domínio TLD devem ser taxados à semelhança dos domínios genéricos, como o .com ou o .net, ou se devem ser gratuitos ou comercializados por agências próprias. "É importante que um país determine qual o modelo que melhor pode servir os seus interesses. Por exemplo, o domínio .sc das Seychelles é gerido por uma companhia privada e estamos agora em negociações com o governo para melhorar as operações", diz Gilbert Lebon, das Seychelles.
Todos os participantes foram unânimes a sublinhar a necessidade de um maior envolvimento dos governos no que toca aos investimentos em ccTLD como parte das infra-estruturas críticas.

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