quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Por uma regulação cartográfica em Angola

A cartografia impressa é historicamente utilizada como fundamento jurídico das pretensões territoriais, incluindo as dos impérios marítimos. No século XXI, a cartografia deverá continuar a ser assim utilizada, mas agora como instrumento de regulação do território enquanto elemento de infraestrutura.
Esta infraestrutura cartográfica tem obtido importância e relevância no Mundo e em particular em Angola, a ponto de algumas instâncias internacionais a considerarem imprescindível em um futuro próximo. Previsões do Comitê Geoespacial da ONU estimam que, em dez anos, a informação geoespacial reproduzida por métodos cartográficos se tornará tão fundamental quanto a energia elétrica, e o governo será mais regulador e menos produtor de cartografia e de dados geoespaciais.
Dada esta relevância, é necessário identificar o regime jurídico que passará a fundamentar a regulação desta infraestrutura. Em Angola o Ministerios do Urbanismo e Habitação, atraves do Instituto de Geodesia e Cadastral de Angola (IGCA) tem a competência cartográfica. Está previsto que o IGCA que cabe ao organizar e manter os serviços oficiais de  geografia e cartografia de âmbito nacional.
Actualmente existe uma espécie de proliferação de empresas que utilizam a cartografia como base de suas atividades. Como exemplo, além da responsabilidade do IGCA de fixar a precisão posicional do Sistema Geodésico de Angola para efeito de transação de propriedades rurais, a actualização do Sistema de Informações Geográficas  de  Angola, as preparação das cartas para inclusão nos planos diretores. Todas estas políticas usam a cartografia como instrumento de representação destas áreas.
Logo, é preciso o IGCA ou criar um órgão autárquico que estabeleça regras claras e funcione como maestro das iniciativas. Uma agência cartográfica, pautada pela criação de um Código Cartográfico, poderia ser o primeiro passo para aprimorar a governança setorial e aprofundar os esforços para se editar uma plataforma cartográfica una. Seria a grande oportunidade para desenvolver políticas públicas multissetoriais com base cartográfica robusta, bem como para redimensionar as profissões de Engenheiro Agrimensor, de Engenheiro Cartógrafo, Geógrafo e outras proximas a area para este novo enfoque.
A cultura regulatória se avizinha à infraestrutura cartográfica, necessidade já percebida em outros segmentos da indústria e que possibilita individualizar direitos e deveres do governo, das empresas e dos cidadãos.
Há um provérbio Chinês que diz que os pais sensíveis dão aos seus filhos raízes e asas. E também um mapa. A cartografia do século XXI é um pressuposto da Justiça, praticada na transação de propriedades, na proteção do meio ambiente, na gestão das cidades, bem como numa infinidade de situações que  Angola como outros paises no mundo de começar a descortinar e que, para tanto, precisará de um preciso mapa.

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